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quarta-feira, 14 de março de 2012

Santugri - Histórias de mandinga e capoeiragem


Eu não podia deixar de postar aqui no blog sobre um presente que ganhei semana passada: a 2ª edição do livro Santugri - Histórias de mandinga e capoeiragem de Muniz Sodré, conhecido na capoeiragem como Americano, apelido que ganhou de Mestre Bimba. 

Santugri é um livro de ficção gostoso de ler, que te envolve do início ao fim. A leitura flui com uma rapidez típica das narrativas imaginárias, mas não se engane, o livro traz um profundo conteúdo para reflexão. Mas há também determinados trechos que são pura diversão, li o conto Querido de Deus às gargalhadas. 

Um detalhe interessante sobre a leitura do livro, é a construção imediata de imagens que toma forma no pensamento a medida que a leitura progride. É como se você estivesse vendo acontecer o que se lê. Muito bacana.

O livro foi originalmente publicado em 1988, mas em 2011 (mais de 20 anos depois) ganhou uma nova edição ampliada pela inclusão de dois contos inéditos. No total, são 18 contos que relatam vivências de diferentes pessoas sempre relacionados à cultura negra, especialmente ao candomblé e a capoeira.

Trechos:

Porque, seu moço, a roda não tem começo nem fim. Começo, fim, a mesma coisa, é nada e tudo. Gosto, moço. Nela, meu corpo é meu - parece que nele nem corre sangue, corre mel. (p.19)

Passarinho não canta por gosto, canta por obrigação. Eu jogo capoeira por cerimônia, por destino. É minha sina, minha sorte. Morrendo, moço, não quero ir a lugar nenhum - a roda já é meu paraíso. (p. 22)

Pois corpo vive de amor, seu segredo não passa por língua grossa... Quantas, quantas vezes, no jogo da capoeira, o corpo não fica em pleno ar, na emergência da queda bruta, mas terminava rolando manso, que nem pluma, no chão? Corpo gosta de capoeira, que é jogo amoroso, sim. (p. 52)

Texto da contra capa:

As histórias de Santugri abrangem uma larga faixa de tempo, vindo desde o ancestral africano até o brasileiro de hoje. Tem-se a impressão de estra vendo um corte arqueológico, em que as diversas camadas de vestígios humanos vão se revelando e contando sucessivamente a sua história. Por maria Luiza de Queiroz.


Capa da 1ª edição
Contra capa da 1ª edição

Fica aí a dica para quem ainda não tinha esse livro.

Referências bibliográficas:
Sodré, Muniz. Santugri: histórias de mandinga e capoeiragem. 2 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

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