O que se pode pensar sobre uma nação a qual uma de suas instituições basilares de defesa da Pátria atua vergonhosamente oprimindo seus cidadãos, subjugando-os a uma vivência cotidiana de violência, medo, humilhação e preconceito, desrespeitando descaradamente os direitos humanos de seu povo?
É a isso que a Marinha do Brasil vem há décadas submetendo a população residente no Quilombo dos Macacos, comunidade descendente de escravos localizada na Baía de Aratu em Simões Filho - Bahia.
Os membros da comunidade não podem cultivar boa parte das terras onde moram e extrair sua subsistência, não saem de suas casas com medo de tê-las derrubadas pelos militares durante sua ausência, não tem privacidade, pois suas moradas são constantemente invadidas e danificadas, tem seu direito de ir e vir regulado, pois a entrada e saída do local é controlada pela Marinha, não tem acesso à educação, energia elétrica e saneamento básico, sem contar as ofensas orais e gestuais as quais são submetidos cotidianamente. Se Chapeuzinho Vermelho tinha medo do Lobo Mau, as crianças do Quilombo dos Macacos tem medo do governo brasileiro...
A comunidade existe há mais de 200 anos, mas a base militar só começou a ser instalada na década de 60 e de lá para cá tem feito o possível para expulsar os moradores do local. Vale ressaltar que em 2010 a Fundação Cultural Palmares certificou o local como quilombola e o Incra já iniciou o processo de regularização do local.
Há 3 dias o Quilombo dos Macacos vivenciou mais um episódio de violência, a comunidade despertou cercada por militares e tratores que estavam a postos para iniciar a ação de despejo dos moradores do local. A desocupação foi impedida por articulação de grupos sociais que compõem o Movimento Somos Todos Quilombo Rio dos Macacos, que conseguiu uma intervenção do Ministro Celso Amorim, porém a tensão continua na região e a situação ainda está longe de ser pacificamente solucionada.
Há uma petição on line de apoio a causa:
http://www.peticaopublica.com.br/PeticaoVer.aspx?pi=P2012N21495Confira também o vídeo abaixo:
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