O Rio de Janeiro ganhou o Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana, criado através do decreto municipal n.º 34803, de 29 de novembro deste ano. O mesmo documento regulamenta o Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do circuito. Adotada no âmbito do Ano Internacional dos Afrodescendentes, a iniciativa visa dar visibilidade e conferir a devida importância a remanescentes históricos e culturais revelados por recentes pesquisas realizadas na região portuária carioca.
O trajeto inclui o Centro Cultura José Bonifácio; o Cemitério dos Pretos Novos (Instituto Pretos Novos); o Cais do Valongo e da Imperatriz; o Jardins do Valongo; o Largo do Depósito; e a Pedra do Sal, todos, espaços ligados à história e cultura afro-brasileira. Segundo consta no decreto, a iniciativa foi adotada para a socialização dos diversos sítios arqueológicos existentes na região, principalmente o Cemitério dos Pretos Novos e o Cais do Valongo que, este ano, completa dois séculos.
O circuito é justificado também pela necessidade de criação de um agenciamento urbano que defina os limites do sítio arqueológico do Cais do Valongo, promova sua segurança e conservação, além de apresentar a história do espaço. A antiga estrutura portuária surgiu com as escavações para revitalizar o local, logo abaixo do Cais da Imperatriz, construído em período posterior, para recepcionar a princesa Teresa Cristina, que se casaria com Dom Pedro II. (veja reportagem aqui)
O Cais do Valongo, onde acredita-se tenham desembarcado mais de um milhão de pessoas, foi descoberto nas escavações de drenagem portuária feitas pela prefeitura do Rio de Janeiro, na Avenida Barão de Tefé. No local, foram encontrados vestígios do maior porto de chegada de escravos do mundo, a exemplo de objetos utilizados pelos escravos no século XIX, tais como, botões produzidos a partir de ossos bovinos, cachimbo de cerâmica e búzios utilizados em atividades religiosas.
Grupo de Trabalho
Ao Grupo de Trabalho Curatorial do Projeto Urbanístico, Arquitetônico e Museológico do Circuito foi atribuída a missão de apresentar, em 30 dias, o recorte conceitual, histórico-cultural, de abrangência do circuito e sua delimitação territorial. Ao final dos trabalhos, a equipe deverá publicar suas conclusões no Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro.
A Coordenação do Grupo fica a cargo do subsecretário do Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design do Gabinete do Prefeito. Como membros fixos do GT foram designados a vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (Comdedine-Rio), Dulce Mendes de Vasconcellos; o representante da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), Alberto Gomes Silva; e o Coordenador Especial de Promoção da Política de Igualdade Racial (GP/Ceppir), Amaury Oliveira da Silva.
Mapa da área abrangida pelo circuito:
Circuito Histórico e Arqueológico de Celebração da Herança Africana |
Confira o Decreto na íntegra aqui
Fonte: Seppir / D.O.M. RJ
ATUALIZAÇÃO!
Em agosto de 2012 o sítio arqueológico do Cais do Valongo foi indicado para a candidatura de patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Confira a notícia aqui.
ATUALIZAÇÃO!
Em agosto de 2012 o sítio arqueológico do Cais do Valongo foi indicado para a candidatura de patrimônio cultural da humanidade pela Unesco. Confira a notícia aqui.
Excelente matéria sobre este ganho cultural, apenas com a ressalva de que esta foto não retrata o Valongo do Rio de Janeiro, mas sim... do cais do Valongo de Santos, foto esta tirada pelo fotógrafo J. Marques Pereira no início do séc.XX. Vê-se, à esquerda, os casarões do Comendador Ferreira Neto (restaurados e onde hoje funciona o Museu Pelé) e, à direita, a estação de trem e a igreja de Santo Antônio do Valongo. Faço esta correção para maior credibilidade da reportagem.
ResponderExcluirGrato,
Alejandro Nascimento (Santos-SP)
Alejandro, muito grata pela correção. Retirei a foto e irei localizar uma correta para repor no lugar. Axé!
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